MANIFESTO “Não Fechem as Escolas”

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Partilhamos com os nossos leitores o trabalho de dois magníficos Pais, Carlos Gomes e Carlos Duarte, cujas preocupações se prendem com a Educação e Saúde, não só dos seus filhos, mas também de todas as crianças e jovens com a entrada no próximo ano letivo de 2021/2022.

O Manifesto “Não Fechem as Escolas” é um documento que elenca as diversas razões e alertas sobre os malefícios, caso se verifique um eventual encerramento das escolas no próximo ano letivo.

Uma vez que partilhamos as mesmas preocupações, subscrevemos inteiramente e apoiamos o teor deste Manifesto, o qual reproduzimos na íntegra: 👇

“Junho de 2021 – Estamos no final do segundo ano letivo em tempo de pandemia. Têm sido tempos difíceis e instáveis e é tempo de, com serenidade, pensar de uma forma equilibrada e racional no futuro dos nossos filhos. Os adultos estão ansiosos e dedicados a pensar no imediato e, inadvertidamente, esquecemo-nos de quem vai suportar a fatura dos nossos atos: as crianças e os jovens. E eles nunca poderão ser cobaias, seja de experiências sociais ou farmacêuticas.

Estávamos no final de março de 2020 quando o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aconselhou os governantes, como é a sua função, sobre as medidas a adotar quando a pandemia por COVID-19 atingiu Portugal. Uma delas foi o não encerramento das escolas, conselho que o Governo não seguiu. Fomos todos apanhados desprevenidos e a comunidade educativa tentou o seu melhor para adaptar-se a um cenário nunca imaginado, com o ensino à distância e toda a complexidade pedagógica, logística e social que isso envolve.

Vivemos há quase ano e meio com uma nova realidade. É tempo de refletir, de ouvir os nossos filhos e dar voz aos professores e a quem lida no dia-a-dia com o Ensino:

  • O ensino à distância é pedagogicamente fraco para o ensina básico e secundário, principalmente com os mais novos que sentem na monodocência uma ligação afetiva essencial para adquirirem conhecimentos e motivação pela escola;
  • O ensino à distância torna o ensino não universal – há famílias que não têm nem os recursos, nem a literacia tecnológica e nem as condições sociais para lidarem com essa nova realidade, preterindo-se os mais ricos aos mais pobres; 
  • A dificuldade na criação de laços sócio afetivos entre os alunos, um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade que se quer coesa e preocupada com o seu semelhante. Em idades em que tudo o que se passa à sua volta é uma descoberta diária, a ausência do toque e da perceção das emoções, tapadas pela máscara, condiciona o desenvolvimento social e a capacidade de interagir em sociedade;
  • As regras aplicadas para confinar pontualmente parte ou a totalidade de uma turma, se não mesmo uma escola inteira, causam assimetrias no acesso ao ensino, onde os alunos envolvidos ficam privados ou com limitações perante os outros. À instabilidade acresce a desmotivação e a ausência de objetivos nos estudos;
  • Os professores têm sofrido uma sobrecarga de trabalho, com a constante replanificação das aulas, a procura de outras ferramentas de ensino, nunca antes testadas, e o aumento da burocracia relacionada com a pandemia (relatórios, autorizações, informações, etc.), que se junta à sobrecarga burocrática que os docentes já antes se queixavam de ter;
  • O detrimento de disciplinas como a Educação Física, com as limitações de utilização de espaços e equipamentos;
  • A ausência de contato dos alunos com o conhecimento prático motivada pela inexistência das visitas de estudo, onde os alunos tinham a oportunidade (e para muitos, única) de experimentarem o mundo real que aprendem na escola;
  • As direções das escolas têm tido uma sobrecarga logística e administrativa enorme devido às permanentes alterações e condicionamentos, provocando a inevitável instabilidade em todo o processo educativo;
  • Os pais, principalmente os mais carenciados e de famílias numerosas, têm sentido dificuldades na conciliação da presença dos filhos em casa, e das sequentes novas necessidades de aprendizagem em casa, com o seu trabalho e uma instabilidade de emprego crescente.

Efeitos Secundários

Além da realidade diária que todos nós, pais, sentimos durante este tempo de pandemia, há efeitos secundários que começam agora a evidenciar-se:

  • Desde o início da pandemia houve um aumento de 40% nos casos de miopia a nivel mundial, principalmente junto dos mais jovens, porque, segundo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, estamos a privar-nos do contato com a luz natural, essencial para prevenir a miopia, ao mesmo tempo que aumentamos a exposição a ecrãs, também ela nociva. Mais detalhes na notícia do Expresso de 17 de junho: Expresso | Confinamento abriu portas à miopia. Incidência disparou 40% em crianças e jovens;
  • Os problemas de saúde mental, incluindo depressões e distúrbios psicológicos, principalmente junto dos mais pequenos, têm aumentado, motivado pela sua incapacidade em lidar com a ausência de contato social, conforme alertou a Sociedade Portuguesa e Pediatria em março de 2021. Mais detalhes na notícia da RTP: Sociedade Portuguesa de Pediatria pede reabertura urgente das escolas (rtp.pt);
  • Os hospitais têm visto crescer o número de casos de traumas em crianças e jovens devido a pequenas quedas que, segundo os médicos, é motivada pela falta de massa muscular provocada pela ausência de exercício físico;
  • burnout nos jovens que se preparam para a vida académica é um problema crescente, com o seu isolamento e a dedicação compulsiva aos estudos como forma de escape.

Olhar para o futuro

Qualquer pai está preocupado com o futuro do seu filho. E a pandemia está a obrigar-nos a olhar apenas para o presente e para o relógio incessante que se tornou a contagem diária de casos, internamentos e mortes. Havemos, com mais ou menos sofrimento, ultrapassar a crise, mas importa, sobretudo, não colocar em risco o futuro dos nossos filhos. São eles que estão a ser privados da qualidade do ensino; são eles que vão viver na incerteza de uma economia seriamente afetada, com o inevitável desemprego; são eles que vão ter dificuldades no relacionamento sócio-afetivo; são eles que vão conhecer o mundo apenas através de um ecrã.

É certo que todos erramos e que tentamos fazer o nosso melhor perante a adversidade. Mas é nosso desígnio ser inteligentes e não voltar a cometer os mesmos erros. Sabendo que quem nos governa pode não estar atento ao que se passa, convém a nós, pais, empenhados em garantir o melhor para os nossos filhos, alertá-los para que Não Fechem as Escolas nem limitem o acesso de nenhum aluno. Queremos que o ano letivo de 2021/22 decorra com normalidade, independentemente das contrariedades e limitações que a pandemia, certa e infelizmente, continuará a trazer a todos.

Os nossos filhos não são cobaias

As vacinas contra o COVID-19 têm sido anunciadas como a salvação da humanidade perante a pandemia. Mas importa perceber certezas científicas e direitos fundamentais para agir em consciência e prevenir a segurança e o futuro dos nossos filhos:

  • Nunca uma vacina como a do COVID começou a ser administrada de forma generalizada num tão curto espaço de tempo. O processo de testagem e aprovação de qualquer vacina tem sido longo e complexo, conforme este artigo de fevereiro de 2020 do Observador: Como nasce uma vacina – Observador;
  • Em qualquer medicamento, e principalmente numa vacina, são ponderados seriamente os seus efeitos secundários a longo prazo e na sua administração em crianças e jovens, já que a sua utilização massiva pode acarretar danos irreversíveis para uma geração;
  • As notícias diárias que nos vão chegando sobre a eficácia duvidosa das atuais vacinas contra o COVID-19, que não invalidam testes sistemáticos e confinamentos, aumentam ainda mais os receios sobre a sua inoculação nos mais jovens e as incertezas dos efeitos secundários a longo prazo;
  • A Constituição Portuguesa é ambígua no que diz respeito à obrigatoriedade da vacina e deverá certamente ser alvo de discussão: por um lado, o direito individual de decidir sobre a saúde; por outro, a responsabilidade do Estado perante a saúde pública; e, pelo meio, a definição de um menor como não sendo propriedade inequívoca dos pais, podendo o estado intervir;
  • Face aos pontos anteriores, é perfeitamente legítimo que cada cidadão seja informado dos seus direitos e que haja transparência nas evidências científicas que comprovem a eficiência da vacina, recordando que uma das competências do Estado é manter os cidadãos devidamente informados. Só assim, cada um de nós poderá decidir em consciência e sem temer segregações, seja qual foi a sua decisão.

Assim, e juntamente com o apelo para que Não Fechem as Escolas, alertamos para o perigo da inoculação das atuais vacinas nos jovens e que devemos exigir que a Assembleia da República e os deputados que nos representem façam uma interpretação ponderada das leis sem nunca colocar em causa os nossos direitos fundamentais e a saúde pública nem penhorando o futuro das próximas gerações.”

2 de julho de 2021
Carlos Gomes
Carlos Duarte

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