Este Post é a continuação da 1ª Parte. [1]
Outra das críticas do Sr. SCIMED (Scimed – Ciência Baseada na Evidência – Post da Crítica: [21]) consiste na afirmação de que os autores do chamado “Estudo de Wuhan” [2], citado por nós no nosso artigo do Observador (co-autoria com o Tiago Mendes ) [3], “referem que esse estudo não permite avaliar essa temática”, e para isso oferece duas referências de sites de “Fact-Checking”. [4][5] Dessas duas referências, só uma [4] faz essa afirmação e, como iremos verificar já de seguida, com a habitual falta de rigor com que os Fact-Checkers nos têm habituado.
Vamos então por partes:
1 – O “Estudo de Wuhan” contou com uma amostra com quase 10 milhões de participantes, dos quais só 300 foram identificados como “casos” positivos, e todos assintomáticos. Foram identificados 1.174 contactos sociais próximos com estes assintomáticos que não resultaram em qualquer resultado positivo, ou seja, não houve qualquer transmissão de assintomáticos.
A frase “[este] estudo não permite avaliar essa temática”, está incorrecta. O que os autores afirmam é que “é incorrecto afirmar que ‘todos os assintomáticos’ (…) não são infecciosos com base neste estudo.” Correcto! Mas isso é bem diferente de afirmar que o estudo não permite avaliar a temática. Os resultados do estudo não chegam para se poder concluir definitivamente que os assintomáticos não são agentes de transmissão, mas é certamente, uma das evidências mais fortes que dispomos até ao momento, acerca deste tema e que não foi refutada pelas fontes apresentadas pelo Sr. SCIMED. [1]
2 – Há outros estudos que chegaram aos mesmos resultados e que foram apresentados no nosso artigo do Observador, sobre os quais o Sr. SCIMED convenientemente preferiu não se manifestar.
Mais Fact-Checkers…
O Sr. SCIMED ainda oferece como “evidência”, uma publicação do Polígrafo (outro epítome de rigor), onde acaba por se citar a si próprio, pois é interveniente na mesma, onde nem ele nem o Pedro Simas oferecem qualquer contributo ao nível de evidências. Ou seja, um beco sem saída. [6]
O Tema dos Testes PCR:
Por último, chegando ao tema dos testes PCR, o Sr. SCIMED cita-se novamente a si próprio, [7] partilhando um Post, onde a única explicação que oferece para a credibilidade dos testes é que já haverá muito mais versões dos mesmos além do tão criticado protocolo Corman-Drosten. [8]
Em relação a isto, há muito a dizer:
a) Para começar, há realmente muitas outras versões. Por exemplo, no Algarve, há o protocolo PCR do Laboratório ABC, que tem detectado uma Taxa de Casos Positivos menor, se comparada com o protocolo da OMS. Mas o protocolo Corman-Drosten tornou-se no “padrão” estabelecido pela OMS e por isso, continua a servir de referência à esmagadora maioria dos laboratórios, apesar de alguns poderem produzir Designs de Primers com melhor qualidade.
b) O conjunto de cientistas que criticaram publicamente o Protocolo Corman-Drosten [9] lançaram uma adenda, onde apresentam uma revisão de vários estudos com diversos laboratórios, que confirma a crítica ao protocolo Corman-Drosten. Os estudos indicam problemas gravíssimos de falta de qualidade e de controlo do protocolo usado na maioria dos laboratórios. Desde escolha dos alvos errados que não asseguram de forma nenhuma a detecção de vírus, contaminação de reagentes, etc.[10]
Noutro estudo, com amostras comprovadamente negativas, este protocolo de testagem resultou positivo em todas as amostas, incluindo amostras de água purificada, o que diz tudo da sua Especificidade. [17]
Outros problemas graves com os testes PCR de despiste da COVID:
c) Ciclos de amplificação: A primeira revisão de estudos que comparam PCR com padrões de ouro referida anteriormente definiu o Ct (Cycle Treshold) como 25 ciclos. Acima disso, a Taxa de Falsos Positivos começa a subir exponencialmente. [11] Ora, a OMS definiu o limite de ciclos em 50. [12]
d) Contaminação nos Laboratórios: Um enorme foco de resultados incorrectos nos testes provém da contaminação em laboratório. Dada a enorme Sensibilidade do teste, requere-se um cuidado zeloso ao lidar com as amostras, o que dado o processamento de milhões de amostras que os laboratórios têm feito, dificilmente acontece, como nos é dado a conhecer por vários relatos. [13][14]
e) Admissão de culpa: Um fabricante de testes PCR admite que pelo menos metade dos casos positivos são falsos positivos. [15]
f) Estatística de Testes de Despiste: Em qualquer teste de despiste, há alguns parâmetros que contribuem para a sua precisão: Sensibilidade, Especificidade e Prevalência. Com a trapalhada que foi o Protocolo Corman-Drosten, elaborado sem dispor de uma amostra viral (só In Silico – em Computador), eu diria que a Especificidade do teste é muito baixa, mas mesmo que fosse bastante elevada, digamos, 97%, dependeria ainda da Prevalência da Doença. Aqui ofereço um exemplo prático: [18]
No caso da COVID-19, a Prevalência nunca passou dos 1%, passando a maior parte do tempo abaixo dos 0,1%, dependendo do factor sazonalidade. Precisar de uma Coorte de 100 mil indivíduos para encontrar 100 ou 200 positivos é considerado uma doença rara em qualquer parâmetro epidemiológico.
O Limite de Prevalência para a COVID-19 é de 9,3%, [19] abaixo do qual, a Taxa de Falsos Positivos (1 – Valor Preditivo Positivo) aumenta de forma exponencial.
Com prevalências na ordem dos 1% e até muito mais baixas, a Taxa de Falsos Positivos vai andar sempre muito acima dos 90%, ou seja, o PCR não serve como teste de despiste e acaba por fomentar a ilusão de uma pandemia, onde esta não existe. Como tal, também não serve como suporte para os estudos que visam definir a transmissibilidade da COVID-19.
Para aprofundarem a Estatística de Testes, podem ler este artigo: [20]
Por si só, a questão da Estatística de Testes chega para desfazer esta questão.
Parece-me óbvio que o Sr. SCIMED não sabe fazer estas contas e por isso, nem se atreve a enveredar por estes meandros.
Conclusão:
O Sr. SCIMED (ou Dr. N[efando] como o Pedro Almeida Vieira o apelida – Dr. N-Pfizer na sua versão mais actual), pauta a sua postura pela arrogância, o achincalhamento, a ridicularização, os sofismas e as falácias, num tom coloquial grosseiro, mal-educado e deselegante. Um espalhafato que não tem outra função senão a de tentar ocultar uma evidente iliteracia científica. É a arrogância que esconde uma ignorância profunda.
Infelizmente, muitos portugueses preferem discutir pessoas do que discutir argumentos, o que acaba por ser um produto da sua ignorância generalizada. Apesar dos seus telhados de vidro, o Sr. SCIMED aproveita-se destas circunstâncias para fazer das falácias de ataque ao mensageiro, a sua principal arma.
Fontes:
[1] https://bit.ly/346JOEE
[2] https://go.nature.com/3cLgDuK
[3] https://bit.ly/3vhQ6xm
[4] https://bit.ly/3fCEX3h
[5] https://bit.ly/348V3MU
[6] https://bit.ly/3fF47hN
[7] https://bit.ly/3uma7BD
[8] https://bit.ly/34mS3Nb
[9] https://bit.ly/3fIhca2
[10] https://bit.ly/346gQox
[11] https://bit.ly/3eSYePu
[12] https://bit.ly/3h23O31
[13] https://bbc.in/3ujx0FO
[14] https://bit.ly/3vhA5ao
[15] https://bit.ly/3oEN2J4
[17] https://bit.ly/3fDhMGi
[18] https://bit.ly/32hKbLF
[19] https://bit.ly/3lzN4QP
[20] https://bit.ly/2XeyJOg
[21] https://bit.ly/3fC2qSb